segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ismola Pra São José

           
Tem certas coisa, Seu Môço, 
Que eu não gosto muito não. 
Pur inzêmplo: 
Ôvi contá história de operação, 
De arracamento de dente, 
Ôvi história de briga... 
Eu posso inté escuitá, 
Mai me dá uma fadiga! 

E ôta coisa, Seu Môço, 
Que, de bom gosto, eu nun faço: 
É dá ismola a quem pede, 
Cum Santo dibaxo do braço! 
Pruquê eu acho que o Santo 
Nun tem muita precisão. 
Afinár, eu nunca vi 
Um Santo comê feijão! 

Mais, pru má dos meus pecado, 
Ou, pru minha pouca fé, 
Tudo dia, lá em casa, 
Passa um veínho, andano a pé. 
Pru sinal, muito filiz, 
Cantarolano, e tal, 
Chega na minha porta, 
Bate palma e diz: 
- Ismola pa São Jusé!... 

O diabo da muié, 
Que é muito curvitêra, 
- Eu nunca vi uma muié, 
Qui nun fosse rezadêra! - 
Adiquére um tanto quanto, 
Corre e vai dá lá pro Santo. 
Qué dizê, pro santo, 
Pro véio fazê a fera! 

De manhã, logo cedin, 
Eu vou tomá meu café, 
Quando dô fé, ó o grito: 
-- Ismola pa São Jusé!... 
-- Ôooo!... 
Mais isso foi me encheno o saco, 
Mais me encheno pru dimais! 
Um dia, cheguei em casa, 
Cum a barguía da carça virada pa tráis, 

Sentei num tôco de pau, 
Tumei uma de rapé, 
Quando, de repente, ouvi o grito: 
--Ismola pa São Jusé!... 
Pra móde dá a ismola, 
A muié se arremecheu. 
Eu fui e gritei: -- Num vá não! Dêxa! 
Hoje, quem vai dá essa esmola sô eu! 

Quando eu cheguei na porta, 
O velho teve um espanto. 
Eu fui e disse: 
-- Vá trabaiá, vagabundo! 
Qui eu num dô ismola pra santo! 
Troque o santo numa enxada! 
Dêxa de ser preguiçoso! 
Santo num carece de esmola, rapaiz, 
Dêxa de ser... mintiroso!... 

O véio me oiô, e me disse: 
-- Que São José te perdoe! 
E, se Deus tivé te ouvino, 
Que Ele te abençoe! 
E que cubra tua casa de Paiz, Amô, 
União, Sussêgo, Prosperidade, 
Confôrto e Cumpriensão! 
E, se um dia o sinhô pricisá 
desse veinho, 
Ele não mora tão perto, 
Mai eu lhe insino o caminho: 

Mora no sítio Cauã, 
Onde já viveu meu pai, 
À direita de quem vem, 
À esquerda de quem vai! 
E, se um dia o sinhô passá 
Pur ali, com pricisão, 
De fome o sinhô num morre, 
Tomém num drome no chão! 

Quando o Véio disse aquilo, 
Eu senti, naquele instante, 
Como seu eu fosse uma... 
Uma frumiga, 
Sob os pé de dum elefante!... 
Fiquei com as perna tremeno! 
Digo e num peço segrêdo: 
Óia, aquele véio me deu ma surra, 
Sem me tocá com um dedo!... 

Eu, com tanta ignorança! 
Ele, tanta mansidão! 
Fêiz eu pagá muito caro, 
Minha farta de cumpriensão! 

Então, naquele momento, 
Eu gritei pra Salomé, 
Mandei trazê, pro Veinho, 
Uma boa xícara de café, 
E fui, correno, contá meu dinheiro: 
Tinha somento um cruzêro! 
Dei tudin pra São José!!! 





  Autor: Zé Laurentino 

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Doença no nordeste, tem sempre nome esquisito!!

Porque o nordestino é criativo, pra tudo no mundo inventa uma explicação e um nome. Com as doenças não é diferente. Pode ser a unhazinha encravada ou um sopro no coração, logo se arranja um nome pra batizar a mazela.
Deixe um comentário se conhece alguma que não citei nessa lista ou o significado das que estão faltando.

Água nas junta
Algueiro
Alôjo
Antójo (enjôo durante a gravidez)
Astrose e astrite
Barriga farosa
Berruga (verruga)
Bicheira
Bicho de pé
Bico de papagaio (desvio na coluna)
Ficar de Bode (ficar chateado)
Ficar de Boi (ficar menstruada)
Boqueira (herpes)
Bucho quebrado
Cachingar (mancar)
Caduquice (esclerose)
Calo seco
Calombo
Campanhia caída
Cansaço no coração
Carne triada
Cesão
Chaboque do joelho arrancado
Cobreiro de pé (bolhas com coceira)
Corpo muído
Corpo reimoso
Curuba (ferida)
Dentiquêro
Desenchavido
Difruço (resfriado)
Difuluço
Doença dos nervo
Dor de viado
Dor na junta
Dor nas cadeira
Dor nas costas que responde na perna
Dor nas cruz
Dor no espinhaço (dor na coluna)
Dor no estambo (qualquer tipo de dor na barriga)
Dor no mucumbú
Dor no pé da barriga
Dor nos brugumi
Dor nos quartos (dor na parte lombar)
Dordói (conjuntivite)
Dormência numa banda do corpo
Empachado (cheio de fezes)
Entojo
Esmorecimento no corpo
Espinha carnal
Esporão de galo
Esquentamento
Estalicido (coriza)
Estopor
Farnizim
Fastio
Fervião no corpo
Fígado ofendido
Fininha (diarréia)
Fraco dos nervo
Frieira (micose nos pés)
Gastura
Gôgo
Gôto inflamado (quando a comida cai no gôto)
Impinge (micose na pele)
Infraquicida
Íngua
Inquizila
Intalo
Intanguida
Intupido (passar dias sem defecar)
Iscuricimento de vista (tontura)
Ispinhela caída
Juêi dismantelado
Juízo incriziado
Landra inchada (gânglios inchados)
Lundu
Mãe do corpo do lado de fora
Mal jeito no espinhaço (dor na coluna)
Maria preta
Môco
Moleira mole
Mondrongo
Morgado (desanimado)
Mucuim
Mufumba
Murrinha
Nervo torto
Nó nas tripa
Nuvem branca
Olho de peixe (verruga na planta do pé)
Ombro dismintido
Os quarto arriado
Pá quebrada
Pano branco
Papeira
Papêra (Caxumba)
Papoca no pé
Papoquinha
Passamento (desmaio)
Pé dismintido (pé torcido)
Pé durmente (pé inflamado)
Pé inchado (pé inflamado)
Pereba (ferida)
Pilôra (desmaio)
Pira
Pito frouxo
Quarta venerea
Quebranto (mau olhado)
Queima no estombo
Remela no zói (olho sujo)
Resguardo
Ruçara
Sapinho (aftas na lingua)
Sapiranga nos ói
Sete couro
Solitária
Tirissa
Tisga
Tísico
Tosse de cachorro (tosse seca)
Treiçó
Unha fofa
Unheiro
Vazamento pelo pito (diarréia)
Vêia quebrada
Vento caído
Vermêia
Vista cansada
Xanha (coçeira nos pêlos pubianos)
Zaróio (vesgo)
Zóio nuviado
Zôvo gôro
Zôvo virado

sábado, 26 de fevereiro de 2011

A ciência do matuto...


“COMO É QUE O MATUTO DESCOBRE A ALTURA DE UMA ÁRVORE?”

Te peguei heein???



“É MUITO SIMPLES. O MATUTO DÁ AS COSTAS PARA A ÁRVORE E COMEÇA A ANDAR DE QUATRO, COM AS PERNAS ESTICADAS, OLHANDO SEMPRE ENTRE AS PERNAS PARA A ÁRVORE QUE QUER MEDIR.”
“ELE CONTINUA SE AFASTANDO NA MESMA POSIÇÃO, ATÉ O MOMENTO EM QUE CONSEGUE ENXERGAR ENTRE AS PERNAS O TOPO DA ÁRVORE. AÍ ELE PÁRA.”


“PRONTO: AÍ É SÓ MEDIR A DISTÂNCIA ENTRE (B) O LUGAR QUE ELE PAROU E (A) O PÉ DO TRONCO DA ÁRVORE. ESSA DISTÂNCIA É A ALTURA [ESTIMADA] DA ÁRVORE.”


RÁA!!!


O mesmo procedimento, serviria, naturalmente, para medir postes, edifícios e escarpas, na cidade ou no campo. Nunca testei o método, mas uma coisa é certa: A inteligência e criatividade do matuto é infinita!!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Música melhora a longevidade

Não é de hoje que a música é usada no tratamento de Alzheimer e outros males. Durante a Segunda GuerraMundial, a música teve um efeito benéfico nos soldados que sofriam de distúrbios pós-guerra. Cantar ajuda o sistema emocional a aliviar o stress causado por um trauma emocional. A partir daí, ela também diminui a pressão alta do sangue e acaba com a depressão e problemas do sono. Alguns médicos também utilizam a música como terapia para a cura do câncer, por acreditar que ela ameniza sintomas da doença. Nesse caso, a música é utilizada numa terapia que combina meditação e visualização. A música clássica melhora as funções congnitivas, auxiliando a memória, a concentração. Quer saber em que mais a música atua de forma benéfica? Ela melhora o raciocínio, estimula o sistema imunológico, diminui a pressão sanguínea, relaxa a tensão muscular, regula os hormônios do estresse, eleva o humor e aumenta a resistência.

Mulher rendeira



A música “Mulher Rendeira” é cercada pelas lendas. Enquanto uns dizem que
 se trata de um antigo tema popular, os mais antigos afirmam que teria 
sido feita pelo próprio Lampião, inspirado na figura de sua avó, uma exímia 
da arte de fazer rendas.

O fato é que referida canção foi muito cantada nos sertões nordestinos
 no tempo do rei do cangaço. Por isso, fez parte da trilha sonora do premiado 
filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, que o celebrizou no país e no exterior.
 Na ocasião, sofreu uma adaptação do compositor Zé do Norte 
(Alfredo Ricardo do Nascimento), autor de outras músicas do filme, 
que manteve a sua estrutura original.

Comprova o sucesso de “Mulher Rendeira” o grande número de gravações 
que recebeu na época, inclusive fora do Brasil. Tem até uma gravação de um 
antigo cabra do bando de Lampião, o cangaceiro Volta Seca.
 E hoje, apesar das alterações na sua forma original, representa 
o canto oficial do cangaceirismo. Existem várias versões, mas esta a seguir 
parece que é a verdadeira:

Olê muié rendeira
Olê muié rendá
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá.

Olê muié rendeira
Olê muié rendá
Chorou por mim não fica
Soluçou vai pro borná.

As moças de Vila Bela
São pobres mas tem ação
Passam o dia na janela
Namorando Lampião.

O rifle de Lampião
Tem cinco laços de fita
Lampião só para em casa
Onde tem muié bonita.

Minha mãe me dá dinheiro
Prá comprar um cinturão
Pra vivê de cartucheira
No bando de lampião.

O Ceará ta de luto
Pernambuco de sofrimento
Alagoas de porta aberta
Lampião xaxando dentro.

Olê muié rendeira
Olê muié rendá
Tu me ensina a fazê renda
Que eu te ensino a namorá. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"GENEALOGIA NORDESTINA"

ANTONIO DE MARIA DE JOÃO DE DÉDA,ESTAVA A CONVERSAR COM O JOSÉ DE OTÁVIO DE CHICO DE TEIXEIRA,DIZENDO QUE ONOFRE DE ZECA DE ZEFINHA, FOI ACUSADO DE ROUBAR UM CAVALO, DE JULIÃO DE AFONSO DE FRANCISCO SOARES.NESSE INSTANTE, CHEGA OLEGÁRIA DE VIRGINIA DE CHICA DE TIA OLIVEIRA,DIZENDO QUE VINHA DA CASA DE DONA TERESA DE EMILIA DE JAIRO BRANCO,E QUE BELTRÃO DE ASSIS DE ENOQUE CIPRIANO PEQUENO, TRAZIA A NOTICIA DE QUE O DELEGADO, TAVARES DE SINHÔ DE DALMO, CHAMOU OS SOLDADOS:PEDRO DE ROSA DE ALMIR DE TONHA FATEIRA, E ONÓRIO DE VANDA DE GETRUDES FONSECA, E O CABO MANOEL DE VICENTE DE CARMINHA DE TIA DINDA, PARA APURAR O OCORRIDO.ATÉ O PREFEITO"REELEITO PELA QUINTA VÊZ" O EXMº SR. OLIVALDO DE DR.FRANCO DE OZÉIAS PINTO, FICOU IRRITADO E DISSE:DONA VALDIRENE DE MILTON DO CORONEL FEITOSA,CHAME O VICE PREFEIT, E DIGA AO JUIZ GILBERTO DE MARICOTA DE BENTO DO MAJOR AGAMENOM, QUE EU QUERO ESSE LADRÃO DE CAVALO, FI DI RAPARIGA, PRESO, TORTURADO E CONDENADO SEM DIREITO A FIANÇA.AFINAL...sussurrou, TAMO IN ANO DE ELEIÇÃO OUTRA VÊZ.


                                                          

ZEDANTAS E A AUTORIA DE "ASA BRANCA"




A família do compositor José de Souza Dantas, o Zedantas (sem acento e pegado, era assim que ele gostava de ver gravado seu nome), já cumpriu sua parte do acordo para não polemizar sobre a autoria de músicas estabelecido entre ele, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (advogado, arrecadador de direitos autorais, político, poeta e compositor cearense).

A parte ética já foi cumprida com rigor desde o momento em que os três, ainda em vida, fizeram um pacto de não falar, em público, sobre o assunto: a verdadeira autoria de grandes sucessos como "Asa Branca" e "Juazeiro", atribuídos a dupla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, mas que na verdade são criação exclusiva de Zedantas.

A família de Zedantas cumpriu, com disciplina e respeito à memória dos três artistas, o compromisso ético. E, também o financeiro. As músicas são executadas e regravadas até hoje e rendem bom dinheiro em direitos autorais. Agora, não é compreensível o silêncio da família de Zedantas no que diz respeito a verdade histórica. O Brasil inteiro precisa saber que é da autoria de Zedantas, e apenas dele, as músicas "Asa Branca" e "Juazeiro".

Zedantas nasceu no dia 27 de fevereiro de 1921 em Carnaíba, na época distrito de Flores, e faleceu no Rio de Janeiro em 11 de março de 1962.

Médico obstetra diplomado em 1949. No ano seguinte, seguiria para o Rio de Janeiro.

Ainda estudante, no Recife, em 1946, Zedantas conheceu Luiz Gonzaga no bairro do Pina. Zedantas mostrou suas músicas a Luiz Gonzaga, que ficou encantado. E lhe entregou seis composições, entre elas, duas adaptações do folclore: "Asa Branca" e "Juazeiro".

No Rio de Janeiro, Luiz Gonzaga registrou, em parceria com Humberto Teixeira, as gravações de "Asa Branca" (1947) e "Juazeiro" (1949).

Conforme relata no livro "Baião de Dois: Zedantas e Luiz Gonzaga" a escritora Mundicarmo Maria Rocha Ferreti:

"Zedantas ao encaminhar a ele (Luiz Gonzaga) suas primeiras músicas, queria apenas vê-las gravadas, autorizando-o inclusive a registrá-las como suas, pois temia a reação de seu pai ao ver o nome do filho num disco. (...) Aquela autorização não dava direito a Humberto Teixeira aparecer ao lado de Luiz Gonzaga como parceiro."

Em 1949, Zedantas concluindo o curso de Medicina foi para o Rio de Janeiro para fazer sua residência médica. Conforme me revelou Dona Iolanda Simões, com quem Zedantas casou em 1954 e lhe dedicou um de seus grandes sucessos "A Letra I", ele percebeu que como estagiário do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro recebia menos doque o rendimento dos direitos autorais de "Asa Branca" e "Juazeiro" que faziam enorme sucesso.

A partir de 1950, Zedantas não aceitou mais "dividir" a autoria dos seus sucessos com Humberto Teixeira. Nesse ano, Luiz Gonzaga gravou, oficialmente, a primeira em que Zedantas aparece, de fato e de direito, como autor: "Vem Morena". Mesmo assim, generosamente, Zedantas permitiu que Luiz Gonzaga assinasse "Vem Morena" como parceiro.

E assim sucederam-se outros grandes sucessos como "A Volta da Asa Branca" (1950), "A Dança da Moda" (1950), "Cintura Fina" (1950), "O Xote das Meninas" (1953), "A Letra I" (1953), "Algodão" (1953), "Olha a Pisada"(1954), "Noites Brasileira" (1954), "Sabiá" (1955), "Paulo Afonso" (1955), "Derramaro o Gai" (1956) e "Siri Jogando Bola" (1956).

Com a decisão de Zedantas em não permitir que Humberto Teixeira assinasse a autoria de suas músicas, a relação entre os dois - que faziam o programa "No Mundo do Baião" em emissora do Rio de Janeiro - ficou estremecida.

Luiz Gonzaga usou de muita habilidade e promoveu um encontro de Humberto Teixeira e Zedantas no seu sítio em Mangaratiba. Lá, como revelou Dona Iolanda, os três firmaram um pacto de não mais falar sobre a verdadeira autoria de "Asa Branca" e "Juazeiro" através da imprensa. 



OXENTE MÕÇO,
ARREPARE NÃO DOUTÔ
NUM SE APERREIE
COM MEU JEITO FALADOR
SOU DISLETRADO
MAR NUM SÔ DESOCUPADO
E É LÁ NO MEU ROÇADO
QUE TOMEM SOU PROFESSÔ
PREPARO A TERRA
PRANTO MIO, PRANTO FÉJÃO
BATATA SOJA ARGUDAO
GIRIMUM E COISA E TÁ
SE TÔ DUENTE
BEBO UM CHÁ DE QUIXABERA
CHAMO UMA BENZEDERA
PA MODE ELA ME REZÁ
NUM MI INVERGONHO
DI DIZÊ QUE SÔ DO MATO
SÔ MATUTO MAR DE FATO
SÔ UM CABÔCLO ASSUNTADOR
SÓ NA COLHEITA
É QUE VÔ LÁ NA CIDADE
MAR LÁ NUM TEM FILICIDADE
É SO MARDADE SIM SINHÔ
EU VEJO GENTE
CUMENO RESTO DE FÊRA
MANISSOBA MANIPÊRA
CARQUÉ COISA QUE SOBRÁ
ISSO É RAÇÃO
QUE AGENTE NEM DÁ PRO GADO
MAR TUDO VEM DO ROÇADO
DONDE VIVO A PRANTÁ
CIDADE GRANDE
É BESTAGI É ILUSÃO
É COMUM LÁ SE VÊ HOMI
ARRASTANO UM CARROÇÃO
OS VÉIO TRISTE
MINDINGANO UMA ESMOLA
AQUILO LÁ É UMA ESCOLA
PRÁ FORMÁ MUITO LADRÃO
ME ADESCURPE
E POR FAVÔME CUMPRIENDA
MAR DOTÔ NUM SI OFENDA
CUM MEU JEITO DE FALÁ
DEUS ME ADEFENDA
DE DEIXÁ O MEU TORRÃO
POIS DESTE BELO SERTÃO
NUNCA VÔ ME APARTÁ.

Origem dos nomes dos estados no Nordeste

ALAGOAS - Deriva dos numerosos lagos e lagoas que caracterizam o litoral alagoano. O acréscimo do “a” inicial, no caso, corresponde a uma figura gramatical denominada metaplasmo de prótese, ou seja, o acréscimo de um fonema (som da letra) ao início, meio ou fim da palavra. 

BAHIA - Vem da baía de Todos os Santos, região onde uma esquadra portuguesa pilotada por Américo Vespúcio fundeou em 1º de novembro de 1501, dia em que os católicos festejam todos os santos. Referindo-se a este fato em carta que tratava de outra expedição, Vespúcio afirma que “porque tínhamos um regimento d’El Rei ordenando que, se qualquer dos navios se extraviasse da rota ou do seu capitão, fosse ter à terra descoberta (na viagem passada) a um ponto que pusemos o nome de baía de Todos os Santos”...Em 1534, quando foi iniciada a colonização da capitania, houve uma orientação para que estas fossem batizadas com nomes dos acidentes geográficos mais notáveis do território. 

CEARÁ - Segundo a versão mais aceita o nome vem de "ciará" ou "siará", que na língua tupi significa "canto da jandaia", um tipo de papagaio pequeno e grasnador. A história registra que em 1535 a coroa portuguesa concedeu a Antônio Cardoso de Barros a capitania do Siará, mas ele nunca se importou em tomar posse dela. Em 1603, Pero Coelho de Souza obteve permissão para colonizar o Siará Grande, mas retirou-se da região em virtude de uma grande seca. Alguns anos depois, em 1619, Martins Soares Moreno tornou-se, por carta régia, senhor da capitania do Siará. Seu amor por uma índia serviu de tema para o romance Iracema, do escritor cearense José de Alencar. 

MARANHÃO - Diversas hipóteses tentam explicar a origem desse nome, mas na verdade, ninguém sabe dizer qual é a verdadeira. Segundo alguns, os primeiros exploradores espanhóis teriam dado ao rio Amazonas a denominação de Marañon, para indicar, em castelhano, que ele não era o mar (mar+non), e esse vocábulo passou a identificar, também, a região que incluía o atual estado maranhense. Outra versão defende a tese de que as palavras mbara (mar) e nã (corrente), do idioma tupi, é que tenham influenciado a designação. Uma terceira explicação estaria em Mair-Anhangá, expressão tupi-guarani cujo significado é “espírito de mair”, nome que os indígenas brasileiros davam aos franceses que ali tentavam instalar uma colônia; além da que aceita a possível associação com o cajueiro, árvore típica da região conhecida como "marañón" em espanhol, e outras mais. 

PARAÍBA - vem da junção do tupi “pa’ra” com “a’iba”, que significa ruim, impraticável para a navegação. O nome foi dado ao rio e depois ao estado. Em 1534 aconteceu um sério incidente na então capitania de Itamaracá, que ficou conhecido como "Tragédia de Tracunhaém". Nesse episódio os índios potiguares mataram todos os moradores de um engenho com o mesmo nome, em Pernambuco, e foi em conseqüência dele que D. João III, rei de Portugal, criou a capitania do Rio Paraíba, desmembrando-a da área pertencente à de Itamaracá 

PERNAMBUCO - vem do tupi-guarani “paranambuco”, junção de para’nã (rio caudaloso) e pu’ka (rebentar, furar), e seu significado é o de “buraco no mar”, pois os índios usavam o termo em relação aos navios que furavam a barreira de recifes. Alguns estudiosos, no entanto, afirmam que esse era a nome que os indígenas locais, na época do descobrimento, davam o pau-brasil. Outra explicação presente na “História de Pernambuco”, publicada no site Memorialpernambuco, diz que a palavra indígena Paranãpuka, que significa "buraco no mar", era a forma como os índios conheciam a foz do rio Santa Cruz, que separa a ilha de Itamaracá do continente, ao norte do Recife, tendo caminhado daí para suas formas primitivas Perñabuquo e Fernambouc, já denominando o porto do Recife e fazendo-se presente nos mapas portugueses. 

PIAUÍ - Existem diversos estudos sobre a origem do nome Piauí, palavra indígena do idioma tupi, onde piau significa peixe e o y, rio, ou seja, “rio dos piaus”. A maioria desses trabalhos defende a tese de que ela foi derivada de um rio com essa mesma denominação, e que era passagem obrigatória dos caminhantes na época do desen-volvimento. 

RIO GRANDE DO NORTE - Recebeu esse nome por conta do tamanho do rio Potengi. Em carta datada de 11 de março de 1535, D. João III, rei de Portugal, doou a João de Barros um quinhão de terra que tomou o nome de Capitania do Rio Grande, denominação que permaneceu sendo usada até meados do século 18, quando por haver outra capitania com o mesmo nome, na região sul do país, se tornou necessário diferenciá-las com a complementação Norte ou Sul, de acordo com a localização geográfica de cada uma delas. 

SERGIPE - O nome Sergipe origina-se do tupi si’ri-i-pe que quer dizer "no rio dos siris", denominação primitiva do rio junto à barra da capitania,. tendo sido mais tar-de adotado Cirizipe ou Cerigipe, que quer dizer "ferrão de siri", nome de um dos cinco caciques que se opuseram ao domínio português. O nome do estado, antigamente, era Seregipe del Rei. 

                                                                           Fonte: Fernando Dannemann
Este texto também foi publicado em www.efecade.com.br, que o autor está construindo.



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Chuva no Sertão



É bonita a sinfonia
Da chuva molhando o chão
Da biqueira derramando
Do ribombo do trovão
E do vento se embrenhando
Nas saias da plantação.

(Luciano Pedrosa)

Seu Lunga

Seu Lunga (Joaquim dos Santos Rodrigues) (Caririaçu, 1927). É um personagem do folclore nordestino.
Conhecido pela falta de paciência nas respostas, diversos contos são atribuidos a sua pessoa aonde nem sempre pode ser comprovado sua autenticidade.
Ele é dono de uma sucata em Juazeiro do Norte que vende de tudo, desde aparelhos de televisão a frutas. Recebeu o apelido de uma senhora, que era vizinha, e passou a chamá-lo de Calunga, que mais adiante se reduziu para Lunga.
O que faz "Seu Lunga" famoso é o fato de ele ser considerado o homem mais grosseiro do Estado e possívelmente do país, como se diz por aqui, a paciëncia dele é do tamanho do coice de um Preá. As estórias e histórias são muitas, e não existe uma linha que separe as primeiras das segundas...

São "causos" que se espalham boca-a-boca e tem mais graças quando contados com um quê de encenação do que escritos.
 No dia do Casamento
"Seu Lunga" é casado já fazem algumas décadas, casou-se m algum lugar da década de 50, e diz-se que no caminho para a casinha que ele havia construído (matuto casa e vai pra casa), ele encostou a bicicleta na beira da estrada e disse pra mulher:
- Mulher, se tú tem que mijar, mija logo agora !!!!
- Calma Lunga, deixa chegar em casa...
- Que em casa nada mulher, em casa na hora que eu ocupar teu mijador não sei que horas libero.

O valor que o peido tem!!


O peido é bom toda hora
Sem peido não há quem passe
A criança quando nasce
Tanto peida quanto chora.
Um peido ao romper da aurora
Eu não troco por ninguém
Há noites que eu solto cem
Peidos grandes e pequenos
Já conheço mais ou menos
O valor que o peido tem.

Um velho já moribundo
Nas agonias da morte
Soltou um peido tão forte
que se ouviu no outro mundo,
o peido gritou no fundo
que só apito de trem,
o velho sentiu-se bem
Levantou-se no outro dia
dizendo a quem não sabia o valor que o peido tem.

Pela porta do bufante
para não morrer de volvo
Diariamente eu devolvo
Peido grande a todo instante
o sujeito ignorante
não me compreende bem
Fecha a porta do sedém
Deixa o peido apodrecer
Esse morre sem saber
O valor que o peido tem.

Um peido silencioso
Por baixo de um cobertor
É tão grande o seu valor
Que descrevê-lo é custoso
Cheira mais que o mais cheiroso
Vale de Jerusalém,
As roseiras de Siquém,
As Savanas do Saara
Nada disso se compara
O valor que o peido tem

Ofende muito a pressão
Peido grande encarcerado
Deixa o corpo aliviado
Depois que sai da prisão
As veias do coração
Controlam-se muito bem
Sente o coração também
Uma alegria sem par
Ninguém sabe calcular
O valor que o peido tem.

Uma dor que faz mudar
A cadência dos ouvidos
São os peidos recolhidos
Que você não quis soltar
Não vá se... prejudicar
Em respeito a seu ninguém
O velho Matusalém
Quase mil anos viveu
Porque toda vida deu
O valor que o peido tem.
Fubica foi se casar
Ou se casava ou morria
Peidou tanto nesse dia
Quase derruba o altar,
A noiva foi reclamar
Findou peidando também
O padre disse meu bem
Só não peida quem morreu
Ninguém dá mais do que eu
O valor que o peido tem.

Peido azedo de água soda
Fede a casca de limão
E de jabá com feijão
Passa folgado na roda
Peido nenhum se incomoda
Com censuras de ninguém
Presta um favor quando vem
Aliviar quem padece
É quando a gente conhece
O valor que o peido tem.

Um peido em pleno verão
Cheirando a cu de veado
Tava sendo arrematado
Numa festa de leilão
Quando chegou num milhão
Não quis mais gritar ninguém
Naquilo o prefeito vem
Dizendo a honra me cabe
Minha prefeitura sabe
O valor que o peido tem.

Eu não conheço valente
Por muito brabo que seja
Que não peide na peleja
Vendo o perigo na frente
Com o medo que a gente sente
Mais ligeiro o peido vem
Empurrado por xerém
Cebola, feijão, quiabo
Dizer na porta do rabo
O valor que o peido tem.

No mundo não há ninguém
Pra saber mais do que eu
O valor que o peido tem
E o peido que a nega deu. 

(Otacílio Batista)
 

"Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos."

                                                                                                Nelson Rodrigues. 

Isso é cagado e cuspido, paisagem do interior...

Entre o cabaço e o comedor - Jessier Quirino


Quando surgiu por aqui a palavra roubalheira, cuidaram logo de rapar o “R” de Brasil, pensando que tinha um cifrão, e tinha. Daí a dificuldade da gente escolher um candidato a dono da casa e tocaieiro. Quer ver? Vá ouvindo aí: Em todo discurso microfonado a frase mais festejada é “Agora vamos a luta!”. Pelo perfil faminto dos apoiadores, e pelo pingue-pongue das acusações de lado a lado, conclui-se que LUTA pode ser Legião Única da Trambicagem Afiada. E a LUTA continua.

Eis que, no meio da campanha, surge um pacote supremo de trovões e de coriscos e um anúncio assustador:
− Quem for a favor do furto, da mentira e do aborto jamais chegará ao plano alto!!!!
 Não era Planalto, era plano alto. Repetindo: plano, alto. O lugar edênico; o olimpo; a mansão dos justos; o sublime plano das alturas. Pensaram que era Planalto e que teria, por certo, o visto do céu, aí deu o créu.

Tome juras de bondade, tome amor à cristandade...
Como é que pode, meu cumpade, se falar em ir pro céu, se, na terra, eles botam até óculos pra melhor acertar o centroma do povo? Aqui, quando um homem público, de tanto destampar o eleitorado, é acusado de “abuso de foder”, se desculpa na justiça dizendo: Ora, Excelentíssimo Ministro do Sopremo, eu fudo desde os 15 anos!! Pode um negócio desses? Eu FUDO? E não é Sopremo, é Supremoooo! E não é porque começou aos quinze anos que vai continuar a fornicada. Chega, cacete!

E como se não bastasse, tem a Lei da Ficha Limpa, aprovada, inclusive, pelo fichário sujo que escapou do alçapão. Pode? Pode. É só criar uma nova sigla: FACSE - Fundo de Apoio ao Corrupto Sem Esquema, e a

LUTA continua feito parafuso em compensado: fura, mas não deixa rosca.
Não podemos esquecer, lógico, o trabalho milagroso dos marqueteiros A e B, que consiste em pegar um rolo grande de arame farpado, rebater as pontas agudas, muito bem rebatidas, enrolar em plástico-bolha cintilante e sacudir nos peitos do povo, dizendo: “Vá por mim, vote nesse traste”. Depois de eleito é só abrir o rolo e ver o rolo que vai dar.

A tática de campanha do partido governista é apenas trocar de tambor: sai um tambor e entra outro; novinho; cabaço; virgem de eleição. Porém, apresenta falhas: penetra sem saliva na flor-roxa do sujeito e, que nem fábrica de pólvora, por qualquer bobagenzinha, é sujeita a explosão.

A tática da oposição é trocar o batalhão, as armas e o fardamento e manter apenas o alvo: o kuwait castigado da áurea e verde nação. Mas também tem dois defeitos: fama negra partidária de comer o eleitorado, e a feição do candidato ser de um mastro hasteado, em formato de ereção.

Aviso final ao eleitor: O lacre da Urna Eleitoral é uma cartela de ficha limpa entre o cabaço e o comedor. Votou sujou.

Ai se sêsse!

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntim nós dois vivesse!
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse;
Se juntim nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cumigo insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!



                                                                        Zé da Luz

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

XILOGRAVURA

É pra isso que serve a polícia!!!

Pois meu cumpadi... Se isso aí for droga, eu conheço um mói de traficante!! E pior!!! Já poderia ter morrido de overdose!

Momentos...

Nos dias atuais e acho que nos não atuais também, porém de uma forma mais amena e subentendida, as pessoas sempre levaram e levam muito a sério o lado supérfluo das coisas... resultados, metas e objetivos e acabam esquecendo-se do quão gratificante é o caminho que antecede a chegada.
Gestos e acontecimentos simples, sublimes, que ficam pela estrada e que lá na chegada farão falta.
De que adianta ler um livro pulando as páginas, se no fim você precisará daquelas informações pra entender o enredo.
De que adianta beijar de cara, passar batido pelo toque na mão, o coração acelerado, aquele charminho q torna tudo mais compensador.
De que adianta chegar aos grandes objetivos sem se ter vivido os pequenos prazeres???
Viva cada momento; aproveite os intervalos e não desperdice os segundos de espera...
Dê valor às paisagens na janela, seja do seu quarto, do ônibus ou mesmo da alma...
Aprenda a observar a beleza de um toque, de um sorriso, uma lágrima ou mesmo de um velhinho sentado na calçada a lembrar do que viveu.
Não corra demais... A estrada sempre estará ali...
Não chore demais... Não há dor q não passe...
Não ame demais... Ame mais... Você tem muito amor e alguns nada...
Não beba demais... Por ver no fundo do copo a imagem da amada...
Não trabalhe demais... Pode não sobrar tempo para um tempo só seu...
Não durma demais... Mas sonhe o quanto puder!!!
E lembre-se de que os bons e pequenos momentos são o que fazem a vida valer!! 


                                                                                                Adriane Freire








Boa tarde à todos os que se consideram matutos, sertanejos e toda essa galera linda que não abre mão de uma boa gíria matuta, uma bela paisagem do sertão, poesia ou moda proveniente deste rico recanto de cultura que é o nosso nordeste.
Esse blog é um ponto de encontro pros amantes da cultura matuta e nordestina em geral, onde os nós poderemos nos inteirar dos eventos, momentos e peculiaridades do matuto sertanejo.
Serão postados também textos, curiosidades, fotos, vídeos e notícias interessantes mundo à fora.

Acima o cartaz do evento que será realizado na próxima sexta, dia 25/02/2010 no Bar Budega da Poesia em Arcoverde - PE; 
Encontro de poetas e declamadores regionais e muita música boa com a participação mais que especial de Leandro Vaz e Noé Lira.

Por que eu sou matuta e com muito orgulho sim sinhô!!!