quinta-feira, 26 de maio de 2011

Projeto Revelando PE



Pernambuco quer te levar para o interior. Conheça o projeto Revelando PE

É impossível pensar em Pernambuco sem que a lembrança remeta diretamente às belezas naturais do estado. Cultura rica, praias, carnaval. No entanto, os atrativos daqui ultrapassam os três elementos citados. Para estimular um potencial pouco explorado no turismo local, foi lançado nesta quinta-feira (26) o projeto Revelando Pernambuco. A parceria entre governo estadual – por meio da Secretaria de Turismo do Estado e Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) - governo federal e Fundação Assis Chateaubriand foi anunciada no Centro de Convenções, em Olinda e contou ainda com representantes do trade.
A principal intenção do projeto é interiorizar o turismo, mostrando que a região tem bem mais atrativos do que se conhece, principalmente no que se refere a entretenimento e conhecimento histórico. Para isso, a ação vai contar com R$ 7 milhões, provenientes do governo federal. O montante será utilizado na divulgação de 14 rotas turísticas que serão criadas para destacar atrativos culturais, geográficos e opções de lazer que incluem o ecoturismo e enoturismo.
Para a criação das rotas foi feita uma pesquisa durante sete seminários, realizados entre 25 de abril e 11 de maio, que levantou dados sobre a melhor maneira de desfrutar das singularidades de cada uma das cidades e sua rota específica. São elas: Rota Forró e Baião de Luiz Gonzaga, Crença e Arte, História e Mar, Costa dos Arrecifes, Águas da Mata Sul, Encostas da Chapada do Araripe, Engenhos e Maracatus, Vinho-Vale do São Francisco, Moda e Confecção, Poesia e Cantoria, Cangaço e Lampião e Ilhas e Lagos do São Francisco.
O secretário estadual de turismo, Alberto Feitosa, destacou a importância das parcerias público-privadas com o objetivo de fomentar o programa. “Não se pode fazer turismo sem mostrar tudo que Pernambuco tem, daí vem a necessidade da implantação do Revelando Pernambuco e interiorizar o turismo”.
A época para o lançamento do Revelando Pernambuco não foi por acaso. O momento pega carona com a expectativa para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, nas quais espera-se que o estado receba um grande fluxo de visitantes que conhecerão o país. O projeto conta, ainda, com cartilhas educativas, guias, oficinas, revistas e campanhas publicitárias que reforçam o papel do turismo como uma das mais promissoras atividades econômicas e seu potencial de geração de renda e inclusão social.
Além das parcerias e sensibilização da população, o Revelando Pernambuco vai contar ainda com uma ação grandiosa e voltada para a educação. Alunos do 1º ano do Ensino Médio de 400 escolas públicas pernambucanas vão participar de um concurso de redação e vídeo. Os autores dos melhores textos serão eleitos como Embaixadores do Turismo e vão ganhar câmeras de vídeo e fotográficas para captarem imagens das localidades onde vivem. Ao final do projeto, todo o material produzido por eles vai ser compilado num documentário institucional veiculado pelo governo estadual.
Dois guias específicos completam o projeto: um direcionado aos gestores municipais e outro especialmente pensado no empresariado. O objetivo é apontar rumos para que os municípios tenham um bom modelo de governança e possam desenvolver seus produtos turísticos.

Por Elian Balbino, com informações de Juliana Cavalcanti

Fim de Feira


o lixo atapeta o chão
um caminhão se balança
quem vem de fora se lança
em cima do caminhão
um ébrio esmurra o balcão
no botequim da esquina
o gari faz a faxina
um cego ensaca a sanfona
e um vendedor dobra a lona
depois que a feira termina.

miçanga, fruta, verdura,
milho feijão e farinha,
bode, suíno, galinha,
miudeza, rapadura.
é esta a imagem pura
de uma feira nordestina
que começa pequenina,
dez horas não cabe o povo.
e só diminui de novo
depois que a feira termina

na matriz que nunca fecha
muito apressado entra alguém
mas sai vexado também
se não o carro lhe deixa
o padre gordo se queixa
do calor que lhe domina
e agita tanto a batina
quem que vê fica com pena
toca o sino pra novena
depois que a feira termina.

a filhinha do mendigo
sentada a seus pés, num beco,
comendo um pão doce seco
diz: papai, coma comigo.
e o velho pensa consigo
meu deus, mudai sua sina
pra que minha pequenina
não sofra o que eu sofro agora
ria a filha, o velho chora
depois que a feira termina.

um pedinte se levanta
da beira de uma calçada
chupando uma manga espada
pra servir de almoço e janta
um boi de carro se espanta
se o motorista buzina
um velho fecha a cantina
um cachorro arrasta um osso
e o pobre “assavessa” o bolso
depois qua a feira termina

um camponês se engana
chega atrasado na feira
não compra mais macaxeira,
nem batata, nem banana
empurra a cara na cana
pra esquecer a ruína,
arroz, feijão, margarina,
açúcar, óleo, salada,
regressa e não leva nada
depois que a feira termina

no açougue da cidade
das cinco e meia em diante
não tem um pé de marchante
mas mosca tem com vontade
um faxineiro abre a grade
tira uma mangueira fina
rodo, pano, creolina,
deixa tudo uma beleza
mas só começa a limpeza
depois que a feira termina

e o dono da miudeza
já tendo fechado a mala
escuta o rapaz que fala
do outro lado da mesa:
- meu senhor, por gentileza,
o senhor tem brilhantina?
ele diz com voz ferina:
- aqui na mala ainda tem
mas eu não vendo a ninguém
depois que a feira termina

um jumento estropiado,
magro que só a desgraça,
quando vê que a feira passa
vai pra frente do mercado
o endereço ao danado
eu não sei quem diabo ensina
eu só sei que baixa a crina
entre as cinco e as cinco e meia
lancha, almoço, janta e ceia
depois que a feira termina.


                   Dedé Monteiro