quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O valor que o peido tem!!


O peido é bom toda hora
Sem peido não há quem passe
A criança quando nasce
Tanto peida quanto chora.
Um peido ao romper da aurora
Eu não troco por ninguém
Há noites que eu solto cem
Peidos grandes e pequenos
Já conheço mais ou menos
O valor que o peido tem.

Um velho já moribundo
Nas agonias da morte
Soltou um peido tão forte
que se ouviu no outro mundo,
o peido gritou no fundo
que só apito de trem,
o velho sentiu-se bem
Levantou-se no outro dia
dizendo a quem não sabia o valor que o peido tem.

Pela porta do bufante
para não morrer de volvo
Diariamente eu devolvo
Peido grande a todo instante
o sujeito ignorante
não me compreende bem
Fecha a porta do sedém
Deixa o peido apodrecer
Esse morre sem saber
O valor que o peido tem.

Um peido silencioso
Por baixo de um cobertor
É tão grande o seu valor
Que descrevê-lo é custoso
Cheira mais que o mais cheiroso
Vale de Jerusalém,
As roseiras de Siquém,
As Savanas do Saara
Nada disso se compara
O valor que o peido tem

Ofende muito a pressão
Peido grande encarcerado
Deixa o corpo aliviado
Depois que sai da prisão
As veias do coração
Controlam-se muito bem
Sente o coração também
Uma alegria sem par
Ninguém sabe calcular
O valor que o peido tem.

Uma dor que faz mudar
A cadência dos ouvidos
São os peidos recolhidos
Que você não quis soltar
Não vá se... prejudicar
Em respeito a seu ninguém
O velho Matusalém
Quase mil anos viveu
Porque toda vida deu
O valor que o peido tem.
Fubica foi se casar
Ou se casava ou morria
Peidou tanto nesse dia
Quase derruba o altar,
A noiva foi reclamar
Findou peidando também
O padre disse meu bem
Só não peida quem morreu
Ninguém dá mais do que eu
O valor que o peido tem.

Peido azedo de água soda
Fede a casca de limão
E de jabá com feijão
Passa folgado na roda
Peido nenhum se incomoda
Com censuras de ninguém
Presta um favor quando vem
Aliviar quem padece
É quando a gente conhece
O valor que o peido tem.

Um peido em pleno verão
Cheirando a cu de veado
Tava sendo arrematado
Numa festa de leilão
Quando chegou num milhão
Não quis mais gritar ninguém
Naquilo o prefeito vem
Dizendo a honra me cabe
Minha prefeitura sabe
O valor que o peido tem.

Eu não conheço valente
Por muito brabo que seja
Que não peide na peleja
Vendo o perigo na frente
Com o medo que a gente sente
Mais ligeiro o peido vem
Empurrado por xerém
Cebola, feijão, quiabo
Dizer na porta do rabo
O valor que o peido tem.

No mundo não há ninguém
Pra saber mais do que eu
O valor que o peido tem
E o peido que a nega deu. 

(Otacílio Batista)
 

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