sábado, 30 de abril de 2011

O vaqueiro...


Eu venho dêrne menino,
Dêrne munto pequenino,
Cumprindo o belo destino
Que me deu Nosso Senhô.
Eu nasci pra sê vaquêro,
Sou o mais feliz brasilêro,
Eu não invejo dinhêro,
Nem diproma de dotô.

Sei que o dotô tem riquêza,
É tratado com fineza,
Faz figura de grandeza,
Tem carta e tem anelão,
Tem casa branca jeitosa
E ôtas coisa preciosa;
Mas não goza o quanto goza
Um vaquêro do sertão.

Da minha vida eu me orgúio,
Levo a Jurema no embrúio
Gosto de ver o barúio
De barbatão a corrê,
Pedra nos casco rolando,
Gaios de pau estralando,
E o vaquêro atrás gritando,
Sem o perigo temê.

Criei-me neste serviço,
Gosto deste reboliço,
Boi pra mim não tem feitiço,
Mandinga nem catimbó.
Meu cavalo Capuêro,
Corredô, forte e ligêro,
Nunca respeita barsêro
De unha de gato ou cipó.

Tenho na vida um tesôro
Que vale mais de que ôro:
O meu liforme de côro,
Pernêra, chapéu, gibão.
Sou vaquêro destemido,
Dos fazendêro querido,
O meu grito é conhecido
Nos campo do meu sertão.

O pulo do meu cavalo
Nunca me causou abalo;
Eu nunca sofri um galo,
pois eu sei me desviá.
Travesso a grossa chapada,
Desço a medonha quebrada,
Na mais doida disparada,
Na pega do marruá.

Se o bicho brabo se acoa,
Não corro nem fico à tôa:
Comigo ninguém caçoa,
Não corro sem vê de quê.
É mêrmo por desaforo
Que eu dou de chapéu de côro
Na testa de quarqué tôro
Que não qué me obedecê.

Não dou carrêra perdida,
Conheço bem esta lida,
Eu vivo gozando a vida
Cheio de satisfação.
Já tou tão acostumado
Que trabaio e não me enfado,
Faço com gosto os mandado
Das fia do meu patrão.

Vivo do currá pro mato,
Sou correto e munto izato,
Por farta de zelo e trato
Nunca um bezerro morreu.
Se arguém me vê trabaiando,
A bezerrama curando,
Dá pra ficá maginando
Que o dono do gado é eu.

Eu não invejo riqueza
Nem posição, nem grandeza,
Nem a vida de fineza
Do povo da capitá.
Pra minha vida sê bela
Só basta não fartá nela
Bom cavalo, boa sela
E gado pr’eu campeá.

Somente uma coisa iziste,
Que ainda que teja triste
Meu coração não resiste
E pula de animação.
É uma viola magoada,
Bem chorosa e apaxonada,
Acompanhando a toada
Dum cantadô do sertão.

Tenho sagrado direito
De ficá bem satisfeito
Vendo a viola no peito
De quem toca e canta bem.
Dessas coisa sou herdêro,
Que o meu pai era vaquêro,
Foi um fino violêro
E era cantadô tombém.

Eu não sei tocá viola,
Mas seu toque me consola,
Verso de minha cachola
Nem que eu peleje não sai,
Nunca cantei um repente
Mas vivo munto contente,
Pois herdei perfeitamente
Um dos dote de meu pai.

O dote de sê vaquêro,
Resorvido marruêro,
Querido dos fazendêro
Do sertão do Ceará.
Não perciso maió gozo,
Sou sertanejo ditoso,
O meu aboio sodoso
Faz quem tem amô chorá.


Patativa do Assaré

CESTA DE POESIA!


Ontem aconteceu na Budega da Poesia, aqui em Arcoverde, mais uma Cesta de Poesia, com a participação doa poetas arcoverdenses e da boa música de Leandro Vaz e Noé Lira, que sabem como ninguém contagiar o público com seu repertório que à todos agrada.
 Fica fixada a Cesta de Poesia, que acontecerá toda última sexta-feira de cada mês; quem quiser e for amante da boa poesia regional e da cultura popular do nosso sertão, é só aparecer por lá, que será presenteado com bons versos, ótimos declamadores e aquele forrozim pé de serra, que ninguém é de ferro né?
 Ontem passaram por lá os poetas: Fernando, Seu Eliseu, Irasson, Jaelson, Esdras, Rominho e a nossa querida poetisa Edilza que com sua irreverência, à todos fascina.
Hoje, dia 30/04/2011, novamente os amigos se reúnem por lá, mas dessa vez pra tocar um autentico forró e fazer o povo dançar até acabar a sola do sapato.
Fica aqui o meu convite à todos. Pra quem já conhece, sabe que vale a pena aparecer por lá e pra quem não conhece...

Não sabe o que ta perdendo visse!?!?

Só entra na cidade se tirar a roupa...



Quando acabar a palhaça sou eu!

domingo, 10 de abril de 2011

Uma pá pá rapá pá!

 
 
Eu ja ví coisas demais
nesse mundão de Jesus
já vi espelho sem luz
inferno sem satanás
baralho sem reis nem ais
um bode enjoar juá
e hoje através de Ma-
ciel piadista fera


Fiquei sabendo o que era 
Uma pá pa rapá pá

Sentado sobre um degrau,
um rapaz temendo um berro
fazia uma pá de pau
pra limpá  a pá de ferro
e o patrão com voz de aço
gritou agitando o braço:
“- que diabo fazendo está?????”
E trabalhador tremendo:
“-perdão eu só tô fazendo”
uma pá pa rapá pá!!!!
 
 
Dedé Monteiro

A LÍNGUA DO "P"














Apenas a língua portuguesa nos permite escrever isso...



Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor paulista, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora, pernoitando por perto. Prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulino pediu para pintar panelas. Posteriormente, pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir. Pediu permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso. Percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações. Pelos passos, percorriam permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo, Pedro Paulo, precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente!
“Preciso partir para Portugal porque pretendem, pela primavera, pintar principais portos, painéis, personalidades, prestigiando patrícios”, pensava Pedro Paulo.
- Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
- Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Passando pelo porto, penetrou pela pequena propriedade patriarcal pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Por que pintas porcarias?
- Papai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, prefiro poder procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar. Pegando pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte, precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos. Passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Posteriormente, partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente, Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente, Pedro Paulo preferia pintar paredes, pisos, portas, portões, painéis. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
'Permita-me poder parar. Pretendo pensar. Peço perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto pararei'. 

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer: 'O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma'?




                                                                                     http://culturanordestina.blogspot.com/

Gonzagão diz como surgiu a integração entre sanfona, triângulo e zabumba...

Pouca gente sabe, mas foi Gonzagão o idealizador do perfeito casamento entre a sanfona, o triângulo e a zabumba. O mais interessante é saber como surgiu tudo isso.

A revelação foi feita no programa Proposta com Luiz Gonzaga, que teve também a ilustre participação de Gonzaguinha no quadro Arquivo do Radiola na TV Cultura.



"Minha infância foi pobre, mas não infeliz, porque uma criança não pode saber que é infeliz desde que tenha o carinho de seus pais, e isso não me faltou em casa" (Luiz Gonzaga)

Arquivo TV Trama
 
"Para a alegria de viver nada nos falta:
Tudo em torno de nós é tão puro e tão bom"…
                                      Olegario Mariano

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SINA ESTRADEIRA...


No meu estandarte dourado
Trago nele marcado
O legado da cantoria
Trago uma marca de chão
Trago viola e canção
No coração a poesia
Trago a sina estradeira
A herança dos andarilhos

Nas léguas sou retirante
Um vate andante
Profetizando a improvisar
No berço fui concebido
Ja vim prometido
escolhido para cantar
Tenho a musica das esferas
A lua eo sol eo infinito

Venho com os cantadores
que trilham a estrada
Trago a marca do trovador
Tenho sempre comigo
A sina estradeira
Sou verso e vereda sou cantador
Leandro Vaz
Mais um amigo que tenho orgulho de ter em minha vida... Pelo poeta, grande cantador e músico que é e principalmente... Pela pessoa que é! Te amo mago!! Morro de orgulho!! Heheh

sexta-feira, 1 de abril de 2011

É O QUE TEMOS PRA HOJE...


 Esses dias eu vi na internet uma frase de algum humorista que dizia o seguinte: “John Lennon foi morto por um fã, onde estão os fãs de verdade do Restart”?? Isso me intrigou muito no sentido de saber qual motivo que leva uma pessoa a destilar seu humor negro de tal forma.
 A primeira conclusão que me veio à mente foi a de que muitas pessoas se revoltam com o atual cenário da música brasileira e mundial, mas poucas expressam suas opiniões e acabam esmagados pela grande massa de seguidores e discípulos da mídia. A mídia impõe à vontade o que deve ou não fazer sucesso e sabe do seu poder de persuasão em pessoas de mente reduzida e inerte, que acha que estando com a maioria, está no caminho certo. Além da influencia da mídia, tem também a disseminação de certas culturas adolescentes, onde o que é legal é o que está na Capricho, na Malhação ou na MTV, não importa a qualidade!
 A falta de qualidade talvez seja reflexo da globalização e da urgência que os dias atuais exigem. Dias em que tudo é descartável e nada dura mais que um breve momento.  Em um mundo onde tudo se tornou supérfluo e ninguém mais dá valor ao que realmente é real e consistente.
 Não estou falando que antigamente não existia música ruim, não!! Tanto que em meio à explosão do rock nacional e internacional, Jovem Guarda, Tropicália havia sempre um “Ursinho Blau Blau” pra representar o lado nonsense da força, mas a maior parte do que se disseminava entre os jovens era música boa, com letra, arranjos fantásticos, lindas melodias e conteúdo inquestionável.  Movimentos que sobrevivem até hoje, mas que estão há anos luz da cabeça dessa garotada, que dizem os sábios: São o futuro do planeta!
 Não sei se esse futuro será bom... Mas pelo menos será muito colorido!!

 Por fim, sei que sou mais uma, entre poucos a expressar esta revolta, mas não podemos deixar que nos sejam impostas essas piadas que chamam por aí de músicas, como um almoço de boteco, onde o cardápio já está predefinido em um quadro negro no canto do salão...

RESTART
FIUK
CLAUDIA LEITE
LADY GAGA
WANESSA
JUSTIN BIEBER...

É o que temos pra hoje... 
Resta-nos engolir...

Ou cuspir!!!


                                                        Adriane Freire.