quinta-feira, 31 de março de 2011

SOU DO SERTÃO



Sou do sertão sim sinhô
Digo isso com louvor
E não me atrevo a negar
Pois nem que eu quisesse doutor
Tá na cara é só olhar
Já no couro impregnou
A terra que meu pé pisou
Quando nem sabia andar
Terra seca do chão quente
Da caatinga do meu sertão
Chuva pouca, sol ardente
Mas de povo bem contente
Que pede sempre em oração
Tiquinho de chuva que seja
Pois na vida sertaneja
Não há hora mais contente
Do que quando a chuva cai
Na boca não cabe os dente
É quando o sol não sai
Que no sertão da gente
O céu fica mais bonito
É que a gente vê o infinito
A esperança renovar
E vai simbora plantar
Ver nosso milho brotar
E o feijão encher de flor
É coisa linda de ver
Mas só vim esclarecer
De onde venho e aonde vou
Fique logo então sabendo
Aonde chego vou dizendo
Sou do sertão sim sinhô!!

Adriane Freire

ESCRAVOS DE JÓ JOGAVAM CAXANGÁ...





A cantiga popular todo mundo conhece:

"Escravos de Jó, jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar...
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá...
"

Mas você sabe quem era Jó? Por que ele tinha escravos? Que jogo caxangá é esse?
Jó é um personagem bíblico do antigo testamento que possuía uma grande paciência. Dai a expressão "Paciência de Jó". Segundo a Bíblia, Deus apostou com o Diabo que Jó, mesmo perdendo as coisas mais preciosas que possuía (filhos e fortuna) não perderia a fé.

Nada indica que Jó tinha escravos e muito menos que jogavam o tal caxangá. Acredita-se que a cultura negra tenha se apropriado da figura para simbolizar o homem rico da cantiga de roda. Os guerreiros que faziam o zigue zigue zá, seriam os escravos fugitivos que corriam em ziguezague para despistar o capitão-do-mato.

O mais difícil de entender é o que seria o caxangá. Segundo o dicionário Tupi-Guarani-Português, a palavra vem de caá-çangá, que significa "mata extensa". Para o Dicionário do Folclore Brasileiro, é um adereço muito usado pelas mulheres do estado de Alagoas. A verdade é que a cantiga vem sofrendo e ainda sofre modificações em seus versos de estado para estado. Afinal de contas, o correto seria deixarmos o Zambelê ou o Zé Pereira ficar?